Identificado centro emissor da erupção da Serreta de 1998-2001 ao largo da Terceira
O centro emissor da erupção submarina da Serreta de 1998-2001, que ocorreu ao largo da ilha Terceira, foi identificado pela primeira vez num estudo recentemente publicado no Journal of Volcanology and Geothermal Research, uma das principais revistas de Vulcanologia. Os investigadores Adriano Pimentel e José Pacheco do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos da Universidade dos Açores (IVAR) e do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) são coautores do artigo "Serreta 1998-2001 submarine volcanic eruption, offshore Terceira (Azores): characterization of the vent and inferences about the eruptive dynamics" que caracteriza o centro emissor da última erupção vulcânica ocorrida nos Açores, entre 1998-2001, na Crista Submarina da Serreta.
Este estudo resultou de uma colaboração internacional no âmbito do projeto FAIVI (Features of Azores and Italian Volcanic Islands) financiado pela União Europeia ao abrigo do programa EUROFLEETS e que contou com a participação de investigadores de várias instituições italianas, espanholas e portuguesas. Os trabalhos realizados a bordo do navio de investigação L'Atalante permitiram obter uma nova batimetria de alta resolução da Crista Submarina da Serreta e recolher um grande número de amostras dos produtos vulcânicos presentes no fundo marinho.
De acordo com Adriano Pimentel (IVAR/CIVISA) foi possível identificar as estruturas vulcânicas associadas à erupção submarina da Serreta de 1998-2001 e também caracterizar o seu estilo eruptivo. Os investigadores identificaram dois cones vulcânicos coalescentes com morfologia bem preservada no bordo sul da Crista Submarina da Serreta, a uma profundidade de 350 m, sob a área onde foram observados balões de lava a flutuar à superfície do oceano durante a erupção. Para além dos balões de lava basálticos (reconhecidos pela comunidade científica internacional como um novo produto eruptivo) e das cinzas vulcânicas observadas em suspensão à superfície, esta erupção produziu ainda um volume significativo de materiais escoriáceos que cobrem o fundo marinho em torno dos cones vulcânicos.
Ainda segundo os autores deste estudo, a erupção da Serreta de 1998-2001 correspondeu a uma erupção estromboliana submarina de profundidade intermédia em que se formaram dois cones de escórias (semelhantes aos cones que pontuam as paisagens açorianas), sendo que o maior dos dois colapsou parcialmente ao longo do flanco sul da Crista Submarina da Serreta no decurso ou após a erupção. Foram também reconhecidas semelhanças entre a erupção da Serreta de 1998-2001 e a erupção submarina ao largo da ilha de El Hierro, nas Canárias, em 2011-2012, levando os investigadores a considerar que os processos eruptivos que estão na origem da formação dos balões de lava são recorrentes em erupções basálticas submarinas de profundidade intermédia.