Erupção do Monte St. Helens - a erupção que mudou a Vulcanologia
Há 40 anos atrás, na manhã de 18 de maio de 1980, o vulcão Monte St. Helens, localizado no estado de Washington, entre Seattle e Portland (Estados Unidos da América), entrou em erupção. Uma violenta explosão lateral (blast) devastou a paisagem, libertando oito vezes mais energia do que a quantidade libertada pelo somatório de todos os explosivos lançados durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo duas bombas atómicas. No total, 57 pessoas, entre cientistas, fotógrafos, montanheiros e pessoas que viviam junto ao vulcão, perderam a vida.
Os cientistas sabiam que algo se passava sob o vulcão. Com efeito, em menos de dois meses, uma protuberância do tamanho de uma cidade formou-se no seu flanco norte, em resultado de uma incomumente posicionada acumulação de magma. A ferocidade singular e as dimensões incomuns da erupção apanharam todos de surpresa, mostrando o quanto a Vulcanologia ainda precisava de aprender.
Segundo Seth Moran, cientista encarregado do Cascades Volcano Observatory (CVO) do United States Geological Survey (USGS), o evento de 1980 foi realmente um marco para a vulcanologia em larga escala.
A erupção teve sinais precursores. No dia 20 de março de 1980, um sismo de magnitude 4,2 marcou claramente o seu despertar. Milhares de enxames sísmicos foram detetados durante a semana seguinte, e o vulcão emitiu cinzas, por vezes atingindo até quase 5 km de altura, até que no final do mês de março, foram detetados os primeiros sinais sísmicos da movimentação de magma. Durante grande parte do mês de abril, o vulcão continuou a registar sinais sísmicos e várias outras explosões de cinzas e vapor. Mas do final de abril até ao início de maio estava estranhamente calmo, e vários cientistas deslocaram-se até ao vulcão para observar melhor.
No dia 18 de maio, pelas 08:32 (hora local), um sismo de magnitude 5,1 abalou o vulcão, desencadeando uma explosão lateral no flanco norte do Monte St. Helens. Uma coluna de cinzas atingiu cerca de 24 km de altitude e formou-se uma escoada piroclástica que destruiu tudo o que encontrou pela frente e matou 57 pessoas, entre as quais o vulcanólogo David Johnston do USGS, que esteve ligado ao início da exploração geotérmica na ilha de São Miguel.
O número de mortos podia ter sido muito mais elevado, não fosse na altura os esforços das equipas de cientistas que alertavam para a necessidade de restringir o acesso ao vulcão e que fizeram tudo o que podiam para tentar compreender o que se passava num vulcão que tinha um comportamento eruptivo tão diversificado.